A identidade partidária é um elemento fundamental para a relação com eleitores, sobretudo para os partidos de esquerda. O eleitor brasileiro tende a ser mais personalista, o que é compreensível pela vasta lista de partidos, sobreposições discursivas, posicionamentos personalistas de políticos. Mas os partidos de esquerda têm a habilidade de alcançar nichos eleitorais – segmentos ideológicos. A linha discursiva dos partidos de esquerda atrai, principalmente, os que entendem (e concordam com) o conteúdo da defesa dos ideais socialistas.
O posicionamento dos partidos de centro e direita faz os partidos de esquerda se unirem, por distinção, em discurso (quase) uníssono. E o que pode representar o simples “aroma” da direita se torna alvo dos partidos de esquerda. A defesa programática da esquerda merece respeito e atenção – bem como merecem importância e respeito os programas dos partidos de direita. Não se trata aqui de um posicionamento a favor de alguma linha discursiva – até porque direita, esquerda e centro, com todas as suas variações, são fundamentais para a consolidação de qualquer democracia.
A intenção aqui é o alerta para os partidos de esquerda no que tange ao relacionamento com os eleitores. Se o simples “aroma” da direita é motivo de aversão e combate, o “aroma” da esquerda, muitas vezes, é razão para a defesa irrestrita. Nisso a direita se sai melhor: não embarca, por exemplo, nas bobagens do Trump, somente pelo fato de ser um direitista. A defesa de tudo que Maduro representa e aplica na Venezuela – por ser de esquerda, por não ser de direita – alimenta o imaginário dos eleitores brasileiros sobre o que esses defensores pretendem, desejam, propõem. É preciso se posicionar contra o que choca… dizer que alguns companheiros de ideologia erram… e não embarcar em qualquer defesa, simplesmente por ser de esquerda. Companheiros erram, e isso não representa necessariamente vitória para a direita, a não ser que a esquerda faça a defesa incondicional…