Matéria de capa no Meio&Mensagem, jornalão do mercado publicitário, estampa em letras garrafais “Microinfluenciador leva marcas à nova era de segmentação digital”. Aponta-se como grande descoberta o que sempre existiu, os processos de interação interpessoal não nasceram com a internet, como retratei em outro artigo. A matéria cita o conceito “Cauda Longa”, popularizado por Chris Anderson em um artigo em 2004, em que se retrata a superpulverização de nichos mercadológicos. Mas será que essa obra alcançou a atenção de alguns analistas da internet somente agora, mais de uma década após seu lançamento? “Descobriu-se” também que as celebridades, os influenciadores patrocinados pelas marcas para promover engajamento de consumidores, não influenciam tanto quanto deveriam – a matéria cita um estudo com a seguinte avaliação: quanto maior o número de seguidores de um influenciador, menor o percentual de engajamento em uma ação mercadológica.
Enfim, “descobriu-se” que o boca a boca está mais vivo do que nunca! Em pesquisa do Instituto Informa nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, avaliamos que 58% dos consumidores decidiam sobre marcas e produtos em interações com pessoas próximas (desses, 65% são parentes). Não “descobrimos” nada, processos de interação estão vívidos desde estudos promissores nos anos 50 nos EUA – apenas quantificamos alguns aspectos. Precisamos de estudos comportamentais mais consistentes… decisões de marketing por modismos e por tentativa-erro são cada vez mais inaceitáveis pelos prejuízos e desperdícios de recursos que promovem.