A mesa de reunião da sala do executivo estava repleta de colaboradores. Embora estivessem todos diante da necessidade de tomada de decisão, não havia ali clima tenso. O executivo contava algumas piadas, alguns riam espontaneamente, outros revezavam entre a risada bajuladora e o mau humor pela presença de alguns colaboradores – como quem acha um absurdo a necessidade de mais pensadores na mesa de decisão… Na sequência da uma última piada, o executivo foi direto ao ponto. Apresentou em poucas palavras o que o afligia: os resultados esperados – e prometidos por muitos dos que ali estavam – não foram confirmados. O representante da consultoria, sem que alguém tivesse perguntado, meio que interrompendo o executivo, apresentou soluções, bem argumentadas, mas com a profundidade de um pires. Culpou processos que deveriam sofrer “reengenharias” (eles adoram esse termo!). O consultor finalizou sua explanação com outras promessas de resultados. Àquela altura da reunião, o executivo queria apenas anotar as propostas. Um diretor, representando claramente o pessoal com vestimenta descolada à direita do “todo poderoso” – os mais emburrados da mesa ou, em outras palavras, a turma do “não precisava de ninguém além de nós aqui”-, assumiu a palavra e, com olhar superior, em um claro desprezo às soluções apresentadas pela consultoria, apresentou “O” plano de ação – entoando com ênfase o artigo definido, de modo a deixar nítida a inferência por ele desejada: “não há outro plano melhor”! O executivo ouviu com atenção, anotou com cuidado as soluções apresentadas para uma nova campanha… com muitas veiculações e robustos bônus de veiculação. Ao terminar as anotações, o executivo, com olhar perdido para a janela, em dúvida sobre as soluções apresentadas, lembrou-se do diretor do instituto de pesquisa que também estava à mesa. “E você, qual a ação que propõe?”. “Nenhuma”, respondeu o sociólogo. “Por hora, nenhuma. Quero apenas fazer algumas perguntas: 1) Como os públicos avaliaram as ações de comunicação recentes?; 2) Com que base foram projetados os resultados esperados?; 3) É possível alcançar os resultados prometidos pelo planejamento?; 4) O que deve ser ajustado na interação com os públicos para maximizar os resultados possíveis?; e, finalmente, 5) Precisamos agir neste instante ou podemos refletir e levantar informações para ações mais eficientes em curtíssimo prazo? Está faltando o nosso público nesta mesa, presidente!”.
As respostas vagas às questões apresentadas voltaram novamente a atenção do executivo para o pesquisador: “Não temos as respostas! Traga as respostas e, assim, planejaremos nossas ações”. Reunião encerrada, a contragosto dos colaboradores e de suas propostas de ações impulsivas. Início de ações estruturadas em informações relevantes, o que agradou, ao final, à consultoria e à agência. Pena que não é sempre assim!