Ao completar seis meses de gestão, com muitas atividades, ações populistas, perseguições aos inimigos públicos, o governo entrou em uma cadência em que os serviços funcionavam bem… E as ações iniciais viraram paisagem, a população avaliava razoavelmente o governo. Nada extraordinário. Mas o prefeito se incomodava profundamente com o que considerava uma inércia do jogo da comunicação. Queria estar mais presente nas conversas cotidianas dos moradores. Foi aí que teve a ideia de criar um problema para apresentar uma solução milagrosa. Anunciou que os salários corriam risco de atraso. Os funcionários ficaram preocupados. Os comerciantes da pequena cidade mais ainda. E se iniciou uma jornada de narrativas de sua epopeia por solução: viagens à capital do estado, idas a Brasília. Até que um dia anunciou uma entrevista na rádio local, para falar sobre o “problema”. Declarou que não atrasaria os salários pois conseguira os recursos. Virou o herói por mais um tempo.
Com essas e outras, mais tarde foi percebida sua reputação. Não se reelegeu.
Os criadores de problemas falsos acabam criando seus próprios demônios.