O prefeito de São Paulo, com o dedo indicador e o médio, forma a figura estilizada de uma seta na altura do peito, indicando – com a palavra “acelera” – que tem pressa. Com esse gesto, Dória propaga sua marca política. Mas na política, além da velocidade, força e direção são fundamentais. Pode ser que Dória acelere para uma candidatura presidencial, mas deverá se acautelar para sinuosas curvas dessa jornada.
PRIMEIRA CURVA – A traição a Geraldo Alckmin, seu padrinho político. Será um dos argumentos dos adversários para colocar em xeque a confiança em Dória.
SEGUNDA CURVA – São Paulo não tolera o uso do cargo de prefeito como trampolim. Em 2012, nas pesquisas do Instituto Informa (qualitativas e quantitativas), José Serra era reconhecido como o melhor candidato, mas não recebia os votos na mesma proporção. Era considerado “o melhor que se vai…”. Caso não vá bem no primeiro turno de uma campanha presidencial em São Paulo, isso afetará o desempenho em um eventual segundo turno. Vide Aécio em 2014: ao ter mal desempenho em Minas no primeiro turno, produziu significados negativos sobre a qualidade de sua gestão naquele estado, quando governador.
TERCEIRA CURVA – Dória e Bolsonaro são bem diferentes, mas o perfil dos eleitores de ambos é bem semelhante. Os dois no páreo dividirão votos, o que pode trazer dois resultados: promover inércia na possibilidade de crescimento para os dois ou um dos candidatos crescer e o outro perder votos. Não há espaço para o protagonismo simultâneo de Dória e Bolsonaro. Um rodará na pista.
É importante acelerar, mas em curvas sinuosas isso não é aconselhável.