Em nossa abordagem de reflexão e investigação para planejamento de campanhas eleitorais, defendemos a ideia de que o eleitor organiza as suas percepções sobre candidaturas em cinco dimensões: 1) competência para exercício da função pretendida; 2) competência para lidar no meio político; 3) reputação pessoal; 4) sentimentos despertados; e 5) chances de vitória. A consolidação da reputação do candidato, na percepção do eleitor, fundamenta-se nesses pilares. A ideia aqui não é apresentar resultado de pesquisa, nem tampouco fazer previsões sobre o dia da votação, mas trazer reflexões sobre hipóteses que deveriam ser testadas pelos responsáveis pela comunicação política das candidaturas.
Assim, as mesmas premissas que fundamentaram o último artigo (sobre duas candidaturas: Barbosa e Alckmin) serão basilares para a análise acerca de Ciro Gomes e de Marina.
Ciro Gomes mostra-se preparado para disputa por intermédio de discurso bastante técnico, com farto repertório de “economiquês”, mas com habilidade retórica acima da média das candidaturas. Ciro navega bem nos atributos funcionais. Seu maior inimigo, no entanto, são os atributos simbólicos: vítima de verborragia, Ciro costuma derrapar no trajeto eleitoral pela produção de significados negativos derivados de falas desastrosas. Os sentimentos despertados (negativos) são variados, dependendo dos alvos de discursos perniciosos.
Marina sempre foi considerada com estima pelos eleitores. Sempre comtemplada por representar inúmeros significados positivos no imaginário popular. Marina, porém, nas eleições anteriores, não mostrou segurança para os eleitores nos aspectos mais funcionais. Marina, na percepção dos votantes, é da contemplação… não da execução.
Ciro deve acautelar-se, Marina mostrar do que é capaz. Posturas distintas das aplicadas nas últimas eleições por essas duas candidaturas podem mudar o rumo de suas vantagens competitivas e, em consequência, dos resultados das eleições.